05 julho 2008

Dois pesos, duas medidas

É completamente inconcebível que se queira imputar ao Exército Brasileiro, a responsabilidade pelo que ocorreu nos morros da Providência e da Mineira, no Rio de Janeiro. Se formos por esta linha, teremos que condenar a Igreja Católica, pelos padres pedófilos, e que dizer do Congresso Nacional?, etc... Mesmo que se possam responsabilizar os soldados que entregaram bandidos de um morro, para bandidos de outro morro, o grande responsável pelo acontecido é o presidente da República, que contra todos os pareceres, e numa ação puramente eleitoreira em favor de seu aliado de momento, autorizou a presença do Exército no morro. Quero reproduzir aqui, matéria da jornalista Rebecca Santoro (que recebi por e-mail), com a qual concordo plenamente:
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DESCULPAS HIPÓCRITAS

Por Rebecca Santoro

19 de junho de 2008

Que palhaçada é essa de todo mundo sair pedindo desculpas aos moradores do Morro da Providência no Rio de Janeiro, por causa de um assassinato cometido por traficantes rivais no Morro da Mineira, contra três jovens daquela comunidade, que provavelmente também tinham ligações com traficantes, depois de terem sido entregues a seus algozes por meia dúzia de garotos fardados, não sem justificativa, revoltados com o desrespeito atrevido e impune de criminosos a uma instituição como o Exército Brasileiro?

O comandante do Exército? O chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste? O Congresso Nacional? Todo mundo pedindo desculpas? Por quê?

Se alguém tem que se desculpar, não só com aquela gente, embora também com ela, é o excelentíssimo senhor presidente da república, Lula da Silva, que, por acaso, só abriu a boca para classificar o episódio como "abominável" e para determinar que uma comissão da Secretaria Especial de Direitos Humanos investigasse o caso.

Abominável, senhor presidente? Abominável foi o senhor ter dado a ordem para que o Exército entrasse no morro da Providência para dar guarida a um projeto eleitoreiro de seu companheiro de ideais, o senador Marcelo Crivela, ignorando solenemente todas as recomendações em contrário, documentadas e devidamente assinadas, encaminhadas ao senhor, pelo seu Comandante do Exército, que o senhor deve achar que também chegou ao 'poder' sem muito ter trabalhado e estudado para isso - portanto, um bobalhão a quem não se precisa dar ouvidos. Ao agir assim, com plena consciência dos riscos que a operação representava, o senhor presidente atraiu todas as responsabilidades sobre estes riscos para si.

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