Sei que não é mais o assunto da pauta, pois novos escândalos já o sucederam.
Mas, após ler repetidas vezes, comecei a me incomodar com as declarações da Sra. Eliana Tranchesi, dona da Daslu, de que “não representa perigo para a sociedade”.
Estamos todos de acordo sobre isso, certo?
Errado.
Consideramos justo prender o bandido que rouba à noite, nas ruelas escuras, os nossos vinténs, relógios, pulseiras, cordões. Mas deixamos em liberdade quem nos rouba muito mais do que vinténs, silenciosamente, sem sabermos ou percebermos.
Temos medo do assaltante à mão armada, que ameaça a nossa vida. Mas não tememos a ladra que rouba os recursos que deveriam ser aplicados na educação dos nossos filhos, na saúde e na melhoria da nossa qualidade de vida.
Consideramos “perigoso para a sociedade” aquele que nos ameaça a vida. Mas não consideramos “perigosa para a sociedade” aquela que ameaça a própria existência da Sociedade, pelo seu exemplo nocivo, nefasto, que alimenta essa odiosa sensação de impunidade que impera no nosso país.
O bandido comum é perigoso principalmente para nós, individualmente. Temos de mantê-lo enjaulado, sim, para protegermos o nosso direito fundamental de vida e de segurança. Mas, Dona Eliana é perigo maior “para a Sociedade”, pois atinge o seu alicerce, os princípios básicos da convivência social, na medida em que seu exemplo incentiva a transgressão da lei, amplia o já instalado processo de erosão do Estado de Direito em que vivemos e que nos encaminha para a convivência em sociedade primitiva e selvagem, onde todos poderão tudo, e qualquer método será aceitável. E é para lá que estamos indo. Vide o crescimento exponencial da criminalidade no nosso país.
É “perigo”, sim, por tudo o que a Sra simboliza. Por isso, numa sociedade séria, onde existe JUSTIÇA, pessoas como a Sra vão para a cadeia.
Mais uma vez, a nossa justiça (com letra minúscula, mesmo) deixa a desejar na defesa dos nossos direitos.
Dona Eliana, eu me sinto ameaçado, sim, com a sua liberdade. A Sra deveria estar na cadeia, pois lá é o lugar dos ladrões, dos bandidos, dos que não cumprem as regras da sociedade. E, aí, quando passasse a viver naquele submundo, talvez compreendesse finalmente a gravidade do seu crime, assim como a falta que fazem os milhões de reais roubados de todos nós e que não chegariam jamais para melhorar a sua “cela”. E, talvez, ainda pudesse nos contar as histórias de alguns dos seus amigos também bandidos que ainda não conhecemos, mas que, com seu exemplo de vida, continuam felizes, anônimos e... nos roubando.
Eu não me sinto seguro sabendo que gente da sua laia continua solta, podendo perpetrar novos crimes contra mim, pobre coitado assalariado que paga imposto até para respirar.
Erivaldo
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